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sexta-feira, 22 de março de 2019

DENUNCIA DE RETIRADA DE COBRADORES

Mais linhas de ônibus perdem cobradores na Região Metropolitana do Recife

 Roberta Soares repórter especialista em Mobilidade e transportes do Blog Move Cidade
As quatro linhas ficaram sem cobrador antes do Carnaval, apesar de o processo estar suspenso por determinação do governador Paulo Câmara. Fotos: Leo Motta/JC Imagem
Pelo menos mais quatro linhas de ônibus que rodam na Zona Oeste do Recife deixaram de operar com cobrador. A retirada foi feita antes do Carnaval 2019 e, mesmo sendo praticada em linhas com baixíssima demanda de passageiros pagantes em dinheiro, aconteceu apesar de o processo de extinção da função em algumas linhas do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) ter sido suspenso, em abril de 2017, pessoalmente pelo governador Paulo Câmara. Na época, 32 linhas perderam o profissional, sendo que 27 delas num único mês, sem uma rede de venda de créditos eletrônicos e cartões VEM satisfatória, e sem uma ampla divulgação para os passageiros, o que irritou o governador.
Na última reunião que tivemos, no fim de 2018, ficou esclarecido que a estrutura de vendas já está pronta e é suficiente para evitar os problemas verificados no início. A rede de venda e recarga já é suficiente para dar comodidade ao processo. Ficou acertado que a decisão estaria com o governo do Estado, já que tudo foi paralisado por ordem do governador, devido aos problemas que estavam ocorrendo anteriormente. Assim, estamos aguardando o Estado”,
Humberto Graça, promotor de Transportes
As quatro linhas são operadas pelo Consórcio MobiBrasil e fazem integração nos Terminais Integrados do Corredor de BRT Leste-Oeste, que liga o Recife ao município de Camaragibe, no extremo Oeste da RMR: TI CDU (IV Perimetral) e TI Getúlio Vargas (III Perimetral). As linhas são a 2422 – Monsenhor Fabrício/TI Getúlio Vargas, 2416 – Roda de Fogo/TI Getúlio Vargas, 2425 – Barbalho (Detran)/TI CDU e 2423 – Engenho do Meio/TI CDU. A reportagem confirmou a retirada dos cobradores. Oficialmente, o governo do Estado informou não ter autorizado a mudança. Disse que tinha um solicitação do consórcio para adotar o procedimento, mas ainda sem autorização.
Abaixo, a relação das linhas que tiveram a retirada do cobrador autorizada antes da suspensão pelo governador:
“O Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT) informa que não autorizou a retirada de cobradores das quatro linhas citadas. Dessa forma, o Consórcio irá autuar a empresa operadora, mesmo sendo linhas alimentadoras com baixa demanda de pagamento em dinheiro. Isto é, menos de 5% dos passageiros pagantes da linha”, informou o órgão por nota oficial. De fato, a demanda de pessoas que ainda pagam a tarifa em dinheiro é pequena. Os números informados pelo GRCT mostram isso: Dos 1.995 pagantes/dia da linha Roda de Fogo, 102 usam dinheiro (5%). Na Engenho do Meio, dos 3.072 pagantes/dia, 138 ainda usam dinheiro (4%). Na Barbalho (Detran), o percentual é de 1,5%: 55 dos 3.534 passageiros/dia que pagaram a tarifa. E na Monsenhor Fabrício, apenas 15 pagam em dinheiro dos 1.557 pagantes (1%).
“O processo de retirada de dinheiro a bordo dos ônibus continua, seja com a ampliação dos pontos físicos e digitais de venda de cartões e créditos ou a doação de cartões para as comunidades, como foi feito pela MobiBrasil. As análises e estudos para a retirada dos cobradores também continuam. O que está vetado, por enquanto, é a retirada em si. Mas estamos levando essa demanda para o secretário Marcelo Bruto (Desenvolvimento Urbano e Habitação) para que seja analisada e discutida com o governador”, afirmou André Melibeu, diretor de operações do GRCT.
Ônibus já não têm o lugar antes reservado para o cobrador. Governo diz que não autorizou, mas que as linhas, de fato, têm baixíssima demanda de pagantes em dinheiro

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) também se posicionou por nota. Afirmou que a operação sem cobradores é uma tendência mundial que impacta diretamente nos custos do sistema e que ela está prevista na convenção coletiva dos rodoviários – aprovada nas negociações salariais de 2018. “A medida, adotada em outras cidades do País e do mundo, tem sido gradativamente implantada no STPP/RMR e está prevista na convenção coletiva da categoria. O setor tem buscado facilitar a capacitação dos cobradores para que possam exercer novas funções. Importante também reforçar os investimentos na modernização e ampliação da bilhetagem eletrônica e rede de vendas de créditos eletrônicos de transporte”, dizem os empresários na nota.
Nas ruas, apesar do discurso de eficiência do setor empresarial, a população é só reclamação. O principal argumento é que a rede de vendas dos créditos do VEM ainda é insuficiente e, principalmente, cara. Os passageiros alegam que são poucos pontos sem a cobrança de taxas, que podem chegar a R$ 3,45, o equivalente a uma tarifa do anel A. “A rede ainda é muito ruim. Não temos opção de comprar o cartão e os créditos sem pagar por isso e nem existem pontos em vários lugares. É difícil para quem ganha pouco pagar um valor desses. Principalmente quando temos pouco dinheiro para colocar no cartão”, critica a passageira Edjane Maria Sena, que viajava na linha Engenho do Meio/TI CDU.
Pelo menos por enquanto, os motoristas que rodam nessas linhas não estão tendo que receber a passagem e passar troco, por exemplo. A orientação repassada pela empresa é que, caso um passageiro queria embarcar em uma dessas quatro linhas, ele o fará e pagará a tarifa quando chegar ao terminal integrado. “Os passageiros reclamam da ausência do cobrador, mas eu não vejo problema. Só não quero mexer com dinheiro”, afirma o motorista Fernando Andrade.

SE DEPENDER DO MPPE, PROCESSO DE RETIRADA DOS COBRADORES PODE SER RETOMADO NA RMR

Apesar da polêmica que a retirada dos cobradores ainda gera, se depender do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que acompanhou e fez exigências ao setor empresarial, o processo está liberado para ser retomado. Agora, só depende da decisão do governo do Estado. Segundo Humberto Graça, promotor de Transportes, a rede de venda e recarga dos créditos eletrônicos apresentada pelo setor empresarial durante reuniões realizadas no ano passado é suficiente para atender aos passageiros.
“Na última reunião que tivemos, no fim de 2018, ficou esclarecido que a estrutura de vendas já está pronta e é suficiente para evitar os problemas verificados no início. A rede de venda e recarga já é suficiente para dar comodidade ao processo. Ficou acertado que a decisão estaria com o governo do Estado, já que tudo foi paralisado por ordem do governador, devido aos problemas que estavam ocorrendo anteriormente. Assim, estamos aguardando o Estado”, afirmou o promotor.
Humberto Graça destacou, ainda, que a Urbana-PE assumiu o compromisso de aproveitamento dos cobradores em outras funções. “Caso o Estado libere o processo de mudança iremos pactuar as condições de implementação do processo. Inclusive quanto à economia para o sistema. Existem inúmeras possibilidades, como reduzir o subsídio do Estado, climatizar a frota de ônibus, ampliar e melhorar o serviço, quitar o Simop (Sistema Inteligente de Monitoramento da Operação) e até reduzir tarifa, por exemplo. Enfim, liberado o processo, avançaremos nas outras discussões, inclusive o que fazer com a economia”, disse.
Confira a rede de vendas de crédito e recarga informada pela Urbana-PE
* Posto de Atendimento VEM (Rua da Soledade, na Boa Vista)
* 100 máquinas de autoatendimento localizadas nos Terminais Integrados, Estações BRT, pontos estratégicos e no Posto de Atendimento VEM.
* Site vemgranderecife.com.br para compra via boleto bancário
* Máquinas de POS (com taxa de R$ 1,75)
* Aplicativos Cittamobi e Ponto Certo VEM (com cobrança de taxa de R$ 3,45 por recarga – sempre o equivalente a uma tarifa do anel A)
* 3.056 pontos de venda descentralizados na RMR


SEST/SENAT LANÇA PROGRAMA GRATUITO DE TREINAMENTO DE COBRADORES COMO MOTORISTAS
A retirada dos cobradores das linhas com baixa demanda de passageiros que pagam a tarifa em dinheiro é uma tendência. No mundo, faz tempo. E, no Brasil, tem sido cada vez mais frequente. Atento a esse processo no País, o Sest/Senat (Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) está oferecendo uma capacitação gratuita para os cobradores de ônibus que querem ser treinados como motoristas. As inscrições, que iriam ser encerradas nesta quinta-feira (21/3), foram adiadas até o dia 18 de abril. CONFIRA AQUI
A capacitação viabiliza a mudança da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) da categoria B para a D e oferta cursos específicos para o transporte de passageiros. A formação será oferecida em 46 unidades operacionais do Sest/Senat no País. Em Pernambuco, são 80 vagas na unidade do Cabo de Santo Agostinho, no Sul da Região Metropolitana do Recife. O objetivo é contribuir para a empregabilidade e o aperfeiçoamento dos profissionais, diante dos avanços tecnológicos e da crescente adoção da bilhetagem eletrônica pelas empresas de transporte urbano.
Requisitos para participar
O candidato deve:
– Comprovar vínculo empregatício na função de cobrador de ônibus.
– Possuir CPF.
– Enquadrar-se nas regras do Contran quanto aos requisitos de tempo para mudança de categoria.
Os beneficiados pelo Projeto deverão participar de dois cursos presenciais: Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros, com duração de 50 horas presenciais; e Capacitação com Prática de Direção Simulada para Motoristas Profissionais, com duração de 22 horas.
MATÉRIA: BLOG MOVE CIDADE  DO JC

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O tiro saindo pela culatra e os cobradores agora esta fazendo falta e fica ai lição





Linhas de ônibus sem cobrador estão perdendo                             passageiros na RMR

fonte: Blog De Olho no Transito





Foto: Guga Matos/JC Imagem


A polêmica experiência de retirada dos cobradores de algumas linhas do transporte público da Região Metropolitana do Recife não tem sido das mais positivas para a saúde financeira do sistema – além de desagradar muitos passageiros. Números do Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT) mostram que houve uma queda de demanda nas 32 linhas que perderam o profissional, num processo que começou em novembro de 2015 e ganhou intensidade em março deste ano. E que, de tão intempestivo, está sob investigação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), sendo suspenso por determinação pessoal do governador Paulo Câmara. Enquanto a rede de transporte perdeu de 10% a 11% dos passageiros de 2016 para 2017, as linhas em operação só com motoristas chegaram a 20%, como é o caso da TI Cabo/TI Cajueiro Seco.
Os passageiros estão fugindo dessas linhas e nós estamos analisando para saber a razão. Defendemos que o problema é a rede de vendas de créditos que é insuficiente, não atende ao usuário. É preciso massificar a rede, dar capilaridade, como foi prometido pelos operadores”,
André Melibeu, diretor de Operações do GRCT
Por isso e pela insuficiente rede de vendas de cartões e de recarga dos créditos eletrônicos – principalmente o VEM Comum –, que a retirada dos cobradores deverá continuar suspensa na Região Metropolitana, sem qualquer previsão de retomada. André Melibeu, diretor de Operações do GRCT, tem o cuidado de ponderar que os números que mostram a queda ainda não são consolidados e que o desempenho de pelo menos oito das 32 linhas está sendo analisado. Mas diz que, do jeito que está sendo feito, o novo modelo operacional não será ampliado. E que mudanças estão sendo definidas pelo governo do Estado para que, somente assim, ele possa ser retomado.
“Os passageiros estão fugindo dessas linhas e nós estamos analisando para saber a razão. Defendemos que o problema é a rede de vendas de créditos que é insuficiente, não atende ao usuário. A linha que teve a maior queda, por exemplo, é uma interterminal, ou seja, não deveria ter sofrido já que o passageiro passa por dois terminais integrados onde haveria uma ampla rede de recarga. É preciso massificar a rede, dar capilaridade, como foi prometido pelos operadores”, alerta André Melibeu.

A perda de passageiros é histórica no setor e, por isso, o GRCT está com cuidado ao analisar o desempenho das linhas sem cobrador. Números da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) comprovam essa realidade: nos últimos 22 anos a queda foi de 43%, sendo que somente entre 2013 e 2016 alcançou os 18%. O modelo, entretanto, é uma realidade não só mundial, mas nacional. Segundo a NTU, 41 cidades brasileiras aderiram ao modelo total ou parcialmente em seus sistemas de transporte. Entre as vantagens alegadas por gestores e operadores, a retirada do dinheiro dos ônibus – a renda ainda é o principal atrativo nos assaltos –, a agilidade no embarque nos coletivos porque é só o usuário aproximar o cartão eletrônico, o combate às fraudes e a redução do custo de operação, já que os cobradores pesam, em média, 15% sobre a folha de pagamento de pessoal.
Não somos contra a retirada dos cobradores, ao contrário. Ela é necessária e um caminho sem volta. As opções de tecnologia para o transporte estão aí para fazer o trabalho. Agora, ela precisa estar precedida de uma infraestrutura para atender ao usuário que ainda não existe. Os passageiros estão sofrendo para conseguir comprar os créditos. O novo modelo não pode ser implantado de forma irresponsável”,
Humberto Graça, promotor de Transportes


A perda de passageiros, entretanto, é um dado novo, revelado agora pelo gestor do sistema. Mas o que de fato pesou para suspender o processo foi a precária rede de vendas de créditos disponibilizada pelo setor empresarial. “O carregamento do VEM Comum é o grande problema. É ele que precisa estar à disposição de todos. Não é o VEM Trabalhador nem o VEM Estudante, que já têm suas recargas definidas e um usuário acostumado. Precisamos de mais pontos e de recargas feitas com valores menores para o usuário comum”, acrescenta André Melibeu. Há, ainda, a reclamação das pessoas em relação às taxas cobradas conforme o tipo de recarga.
Reconhecemos que a rede deixa a desejar e estamos trabalhando pesado para ampliá-la. Pretendemos chegar a seis mil pontos no Grande Recife. Já fechamos contrato com um novo parceiro e concluímos a migração da tecnologia. Até meados de dezembro estaremos com essa rede ampla à disposição dos nossos usuários”,
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Fernando Bandeira, da Urbana-PE
A tímida rede de vendas também é o principal argumento do MPPE. “Não somos contra a retirada dos cobradores, ao contrário. Ela é necessária e um caminho sem volta. As opções de tecnologia para o transporte estão aí para fazer o trabalho. Agora, ela precisa estar precedida de uma infraestrutura para atender ao usuário que ainda não existe. Os passageiros estão sofrendo para conseguir comprar os créditos. O novo modelo não pode ser implantado de forma irresponsável. Os empresários têm que oferecer essa rede ideal antes de mais nada, até porque eles têm interesse em mudar o sistema”, argumenta o promotor de Transportes, Humberto Graça. A investigação do MPPE está parada, pelo menos por enquanto, porque as reuniões agendadas foram sendo adiadas a pedido do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), mas o promotor, que está de férias, promete retomar os trabalhos ainda este mês.
A Urbana-PE diz que existem hoje 70 máquinas de autoatendimento localizadas em 16 dos 24 terminais integrados, em 31 das 42 estações de BRT, em dois shoppings (RioMar e Guararapes) e no Posto de Atendimento VEM, localizado no Centro do Recife. Além disso, faz a venda de créditos para o VEM Comum e o VEM Estudante nos aplicativos Cittamobi e Ponto Certo VEM, e tem mais de 500 pontos de venda descentralizados na RMR.
“Reconhecemos que a rede deixa a desejar e estamos trabalhando pesado para ampliá-la. Pretendemos chegar a seis mil pontos no Grande Recife. Já fechamos contrato com um novo parceiro e concluímos a migração da tecnologia. Até meados de dezembro estaremos com essa rede ampla à disposição dos nossos usuários”, garantiu o presidente da Urbana-PE, Fernando Bandeira. Sobre a perda de passageiros nas linhas sem cobrador, o empresário ponderou que a ampliação da rede os trará de volta. “Em todo o País há uma queda no começo, depois ela volta. Quando estivermos com os seis mil pontos operando, tudo mudará”, afirmou.
Se a redução na folha de pagamento de pessoal não for engolida por outros custos, ela é repassada à tarifa. No mínimo, ela evita um aumento maior. Lembrando que o processo de retirada dos cobradores deve ser feito com cuidado, de forma transparente, que deve levar, no mínimo, 1,5 ano, no qual os profissionais devem ser absorvidos por outras áreas, sem haver demissões”,
Otávio Vieira Cunha, presidente da NTU
PESO NA TARIFA
Além da ampliação da rede, o MPPE também está preocupado com outra consequência do novo modelo operacional: o impacto da retirada dos cobradores no valor da passagem. “Ninguém falou disso ainda. Precisamos saber se houve ou haverá impacto e se a população será beneficiada. Talvez não haja uma redução, até pela quantidade de linhas, mas a retirada permitiria algum tipo de compensação ou melhoria? O que não pode é a população não ganhar nada. São questões que precisamos discutir”, pontua Humberto Graça.
Otávio Vieira Cunha, presidente da NTU, diz que o impacto da redução do custo com os cobradores pode ser direto na tarifa, desde que não aconteçam outras perdas ou majorações no sistema em questão. “Por que, se isso acontecer, a redução termina sendo anulada por outros fatores, como a perda de passageiros ou o aumento dos insumos do setor, por exemplo. É uma conta simples de ser feita em qualquer sistema e agora temos até uma ferramenta técnica e moderna para auxiliar os gestores no processo: a planilha de custos criada pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e apoiada pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), de fácil utilização e que pode ser aplicada por qualquer cidade ou sistema metropolitano, como é o caso do transporte no Recife”, argumenta.



Conceição Cabral viu no processo a oportunidade de deixar de ser cobradora e virar motorista. Foto: Roberta Soares

Otávio Vieira Cunha reforça que não há mistério nas contas. “Se a redução na folha de pagamento de pessoal não for engolida por outros custos, ela é repassada à tarifa. No mínimo, ela evita um aumento maior. Já tivemos tarifas de ônibus que baixaram no País ou deixaram de aumentar devido às desonerações de impostos. Fortaleza, no Ceará, por exemplo, ficou quatro anos sem aumentar a passagem. Lembrando que o processo de retirada dos cobradores deve ser feito com cuidado, de forma transparente, que deve levar, no mínimo, 1,5 ano, no qual os profissionais devem ser absorvidos por outras áreas, sem haver demissões”, ensina o presidente da NTU.

O LADO BOM DA MUDANÇA – A VITÓRIA DE CONCEIÇÃO
Enquanto uns reclamam, outros sorriem. E Conceição Cabral está no segundo grupo. É só sorrisos porque teve, no processo de retirada dos cobradores, a oportunidade de crescer na profissão, realizando um antigo sonho: passar do posto de cobradora para virar motorista de ônibus. E começou, exatamente, a partir da linha TI Abreu e Lima/TI Macaxeira, a primeira do sistema a operar sem o profissional, ainda em novembro de 2015. “Foi um sonho realizado, que me deixou muito feliz. Fiquei como cobradora mais de um ano, esperando o tempo mínimo exigido para tentar uma vaga como motorista, que a empresa sempre oferece”, conta.
Conceição foi acompanhada pelo JC em julho de 2016, quando ainda se preparava para tentar a aprovação como condutora. Para essa reportagem, foi entrevistada já como uma profissional do volante, exatamente na mesma linha que atuava como cobradora. “Acho que a retirada dos cobradores é viável em algumas linhas e em outras não. Mas, para mim, esse processo foi uma oportunidade de crescer”, comemora.



Rede para compra de cartões e recarga de créditos ainda é insuficiente. Foto: Roberta Soares